domingo, 11 de agosto de 2019

Por que somos o que somos?


Por que somos o que somos?

Estava pensando:
Por que somos o que somos? 
Por que é tão difícil mudar nossa forma de ser?
Por que somos tão diferentes se partimos do mesmo princípio?




Quando nascemos, somos seres indefesos e totalmente dependente dos cuidados da mãe, não sabemos o que nos aguarda. Após uma relação sexual inicia-se a concepção, a gestação e o nascimento. Assim acontece com todas as pessoas e,  dentro desse processo tão parecido, o que nos torna tão diferentes?
Seria pertinente dizer que de um conjunto de situações oferecidas pelo meio, nos formaremos e nos tornaremos aquilo que somos, farão de nós o que somos, e muitas vezes o que farão de nós não nos agradará nem um pouco. 
Há quem venha para sofrer maus tratos logo após o nascimento, há quem nasça na pobreza, há quem não tenha amor, há quem seja fruto de estupro, há quem seja esperado e planejado, há quem seja amado, há ainda, aqueles que não passam por nenhum tipo de privação, contudo, partimos de um mesmo princípio, porém, em situações diversas.

Somos fortes! Somos fracos! Somos Sutis!

Seria muito importante que os jovens fossem preparados para exercer o papel de mãe e papel de pai, a fim de que possam compreender que ter filhos envolve  dar amor, atenção  e dedicação; o despreparo acompanhado do desamor trás consequências ruins para a sociedade e  não deveria ser permitido a ninguém o poder de estragar a vida do outro e fazer pequenos seres sofrerem, tornando-se adultos psiquicamente doentes.

Nossa modelagem deveria ser estrategicamente pensada, visando sempre o bem estar, são redes neurais que se formam para uma vida, imagino como se fossem letras escrevendo a história de cada um,  de uma forma profunda e permanente.

Bebês precisam de Mãe! Mãe que Ame, que Amamente, que Proteja e que se Dedique à vida que fez.

Depois que nascemos estamos sujeitos a qualquer situação



O sofrimento, os maus tratos sofridos na infância podem gerar  maldade, descaso, desamor por si e pelos outros, podem gerar uma forma de pensar e agir irascível. Daí vem a baixa autoestima, a insegurança a desconfiança.
Todas essas experiências ficarão guardadas no subconsciente e farão as pessoas agirem a partir delas, é como se o fantasma delas ficassem permeando o mundo mental da pessoa e decidindo as suas ações, mantendo sempre o mesmo padrão de pensamentos, os mesmos sentimentos e as mesmas atitudes. Para um bom observador o comportamento dessas pessoas chegam a ser previsível, quando elas estão esbravejando, basta olhar com atenção que por trás de suas ações encontra-se a criança largada,   maltratada e mal amada
A pessoa que foi mal amada na infância, está sempre culpando os outros pelos seus infortúnios, sempre tem alguém que a persegue ou que tem algo contra ela, essas pessoas sentem inveja do sucesso dos outros e acabam cometendo erros gravíssimos, normalmente tem caráter duvidoso, pois escondem dentro de si uma sombra horrorosa.

E ignorando o que se passa dentro de nós fica muito difícil mudar a nossa forma de ser.

Tive o desprazer de trabalhar na educação com uma pessoa que foi muito maltratada pelo pai na infância, tornou-se um superior insuportável, repetia em suas ações aquilo que havia sofrido, digno de pena. Infelizmente ele chegou à educação, quando deveria estar nas forças armadas, pronto para erradicar o inimigo, compreendo que essas pessoas foram vítimas, mas deveriam se tratar para o convívio corporativo, aprender a conviver antes de jogar suas mazelas naqueles que não tiveram nada de culpa pelos erros de seus pais.
A educação deve ser interdimensional, trabalhar com o sócioafetivo na atualidade é imprescindível, sem essa dimensão o cognitivo fica comprometido, a pessoa pode até aprender e ser inteligente como o meu superior, mas ela age como se não fosse gente, pois não tem o socioafetivo desenvolvido, a raiva que ele sentiu do pai, irá descontar nas pessoas. Daí a importância de conhecer-se, para haver o equilíbrio dessas dimensões do ser humano, para que além de ter o intelecto desenvolvido ele possa conviver em harmonia com os pares e com a equipe, sem fazer da vida de todos um inferno.
Estamos vivendo num tempo em que muitos despreparados querem ter filhos, acreditando ser normal terceirizar esse trabalho, um dos motivos que faz da escola um espaço conflituoso com crianças perdidas, sem afeto, sem olhar, sem afago.
Em breve teremos que dar atendimento psicológico aos nossos alunos, o mundo mudou muito nos últimos 200 anos, mas o ser humano não acompanhou, seus pensamentos ruins, suas emoções, suas deficiências continuam no controle de suas vidas. Sem o  autoconhecimento, sem o domínio do mundo mental e de seus pensamentos a tendência é que o sofrimento e a maldade continuem ganhando maior destaque nas ações e no comportamento das pessoas, fazendo de nosso planeta um campo de guerra.
A criança é tão sútil, veio para ser amada protegida, acariciada, orientada.

Me sinto realizada quando consigo ver o brilho nos olhos de meus alunos quando falo para eles do autoconhecimento, do mundo interno, do poder de escolhermos os nossos pensamentos e criar nossa realidade através de um Projeto de Vida Pessoal, como também, sobre a importância do conhecimento, dos estudos para que possamos ressignificar e perdoar as falhas de nossos pais na nossa criação, e a partir de então, tomarmos nas mãos a responsabilidade pela nossa história, pela nossa vida, pelo nosso bem estar e o de toda humanidade, levando-os a acreditar que o futuro, que a paz e a superação da humanidade começa dentro de cada um de nós, principalmente quando fomos afortunados e tivemos alguém para nos amparar na nossa infância, esse primeiro amor e aceitação farão do pequeno ser um grande ser humano.
"Ensina a criança o caminho que deve andar e mesmo quando for velho, não se desviará dele" (Provérbios 22,6) 

domingo, 28 de abril de 2019

Caráter se aprende em casa com a família e na escola - Parte 2

Mãos, Bebê, Criança, Adulto, Infância, Família, Humano

    Caráter é um conjunto de características que o ser humano possui e está ligado à sua forma de ser e de agir, ou seja, são os traços singulares de um indivíduo, normalmente está ligado à moralidade e às inclinações, tanto para fazer o bem como o mal.

Distância, Direção, Decisão, Solução, Lista, Escudo

    De acordo com Leibig (2013) Efeitos que são do fenômeno de inversão do entendimento conceitual do moralmente certo e errado, como se constata frequentemente nos meios em que se vive ou se transita, ou então na mídia, pelos noticiários de TV, rádios ou redes sociais, suas atitudes são destituídas do cunho virtuoso acabam impactando negativamente nas histórias de suas vidas.

    Pensando nos nossos primeiros anos de vida, ao lado de nossos pais, familiares e meio no qual estamos inseridos é muito fácil que haja inversão de entendimento do que é moralmente certo e errado, podemos partir da premissa que o despreparo dos pais em todas as dimensões de suas vidas consequentemente afetará de forma desfavorável a vida de seus filhos, na escola e na sociedade.
Que foi o caso que relatei na parte 1, onde a aluna mostrava deficiências que poderiam perfeitamente serem corrigidas pela família, com a pratica conjunta de exercitar valores e virtudes, mas ao contrário disso a mãe foi conivente e o reflexo de sua educação estava repercutindo na sala de aula.
Raiva, Com Raiva, Ruim, Isolado, Perigoso, Emoção, Mal

    Muitos de nossos alunos vem para a escola sem base cultural estável, se apresentam sob forte influência do meio e, nesse meio no qual estão inseridos há tantas influências negativas que é impossível sair ileso. Há um gênero musical, se é que podemos chamar de música,  que nosso jovens curtem muito, que atua como Educação Informal, e através da plasticidade cerebral os levam a um tipo de comportamento inaceitável ao ambiente escolar, mais propriamente para a sala de aula, impactando o trabalho do  professor, esse por sua vez, ainda se depara com a diversidade de cultura familiar, onde os próprios colegas em sala de aula se incomodam com uma outra cultura familiar que está muito distante da sua, como alguns valores de moral que não se coadunam com os seus e dessa forma com a escassez do comportamento moral e ético, acontecem os conflitos entre alunos/alunos, alunos professores.
    Todos estamos sujeitos à educação informal, nos programas de TV, no rádio, nas músicas, com o meio, segundo Leibig (2013) a Educação Informal se inicia a partir do momento em que o sistema nervoso do embrião começa a ser constituído, imaginem vocês que mesmo antes de nascer o indivíduo já está sendo impactado pelo sistema e já se estabelece uma conexão sistêmica indissolúvel de vida entre  ele e o meio ambiente. Ela acrescenta que o sujeito social está 100% do tempo em constante processo de aprendizagem informal, aprendendo pela observação e experiência vivida. 

    Sendo assim,  ele trará para a escola o que aprendeu em seu meio familiar e social, trará para dentro da sala de aula a sua experiência de vida,  sem nenhuma noção que essa educação o acompanha, nem tão pouco que ela pode estar errada ou ser inaceitável. Uma vez que a educação informal faz parte da vida de todos os seres humanos, ela simplesmente atua, principalmente para quem está desinformado.
Leibig (2013 p16) afirma que são forças invisíveis de influência intrínseca à vontade do ser humano, essas forças atuam no  poder de decisão, nas  escolhas morais e no  estilo de vida. Isso nos mostra que o caráter é moldável, porém, se ele passar a frequentar um ambiente onde se cultiva valores e virtudes em pouco tempo essa também será uma força que atuará sobre ele e essa força irá o moldando e novas redes neurais se farão e passarão a atuar sobre ele, daí a importância de Gestores, Professores e Alunos criarem os valores éticos e morais da escola, daí a importância da escola criar a sua própria cultura, a sua própria identidade e suas virtudes, pois colocadas em prática também será uma força invisível e  se efetivará como aprendizagem.

É curioso observar que na educação informal, o indivíduo pode realizar aprendizagens, recebendo conhecimentos por intermédio de outra pessoa, sem que, necessariamente, aquela pessoa tenha se oferecido para ensiná-lo. Nesses casos, é o sujeito social que aprende por si só, elegendo alguém como seu educador, sem que nem se dê conta de que tal processo esteja acontecendo. Quando isso ocorre, algumas pessoas costumam dizer que aprenderam com a vida, com a experiência, copiando e adaptando o que veem. (LEIBIG 2013 p.19)

    Dessa forma caros leitores, vejo a importância de pararmos e nos aprofundarmos nesses estudos cientes de que a Educação Formal se aprende com a família e com a escola, na prática, e dessa prática virá a compreensão do que é moralmente certo e errado e consequentemente se formará o caráter da pessoa, como suas atitudes terão consequências afetando o seu entorno, porém, sem nos esquecermos que haverá forte influência da Educação Informal, essa que vem da sociedade e do meio, as forças invisíveis que sempre estarão agindo e não nos deixarmos abater.

    Nesse sentido quem tem filhos deve estar ciente dessa influência e praticar em família atitudes éticas, virtudes e valores, e quem é professor deve ter consciência de que cada aluno que está à sua frente, sem que saiba, estará sob o impacto do meio cultural, que ele encontrará no seu dia a dia grande diversidade e terá que estar preparado para trabalhar com essas diferenças, entendendo isso e agindo com sabedoria, evitará o desgaste de energia que tanto os tem adoecido.

    É mister que estejam preparados para lidar com essa situação, saberem que nem sempre  os valores morais foram praticados com a família e, a ele caberá esse papel; melhor seria que as ações e o discurso de todos estejam alinhados no sentido de criar uma cultura de paz e solidariedade dentro do ambiente escolar e que essa paz se reverbere sendo capaz de melhorar a escola, o entorno, a sociedade e o planeta.

Terra, Paz, Juntos, Símbolo, Comunidade, International

Referência:
LEIBIG, Susan - Caráter se aprende na família e na escola - SP Ed. Al Print 2013.

domingo, 14 de abril de 2019

Caráter se aprende em casa, com a família - parte 1



       Há muito tempo meu blog ficou esquecido por mim devido à grande demanda de atividades que passei a ter de uma hora para outra.
     Dias atrás abri, meio sem querer, e qual foi o meu espanto ao ler tudo de bom que eu escrevi e que estava adormecido esperando para ser lido novamente, então me preparei para reativar meu blog e compartilhar diversas situações novas pelas quais eu havia passado nesse tempo de ausência. Tenho observado como o caráter das pessoas estão diferentes do meu e isso tem me causado muitos questionamentos.
     Eu estava me lembrando de duas alunas e irmãs que passaram pela escola na qual tenho a função de coordenadora pedagógica, a mãe era constantemente chamada para conversarmos sobre o comportamento inadequado e atrevido que ambas tinham para com todas as pessoas.
     Certo dia eu tive o prazer de atender a mãe, que era uma pessoa simples e batalhadora, acabou me contando que não via a hora de se aposentar para poder realizar o grande sonho de sua vida, que era comprar uma máquina de costura e aprender a costurar, esse sonho vinha desde a sua adolescência, achava mágico um pano se transformar em uma roupa, porém, sua vida difícil, tendo que trabalhar desde muito cedo e sendo mãe também fez com que adiasse o  seu sonho.
     Como de praxe, chamei as alunas, uma por vez, para conversarmos, a primeira que estava no 1º do ensino médio, chorou copiosamente quando contei a ela o sonho de sua mãe, e a orientei como ela poderia ajudar na concretização desse sonho, essa aluna se transformou e passou a me ver como sua conselheira, tornou-se carinhosa comigo e dedicada aos estudos, se propôs a fazer do sonho de sua mãe uma realidade.
     Depois chamei a 2ª irmã que estudava no 3º do ensino médio, ela já entrou na sala com ar de superioridade, todas as pessoas estavam erradas, todas as pessoas a tratavam com grosseria, os alunos da sala não a respeitavam, os professores eram arrogantes, alegava sofrer bulling, quando era ela quem praticava.
     Bem eu tenho um radar para detectar esse tipo de gente e confesso que tento ter paciência, mas chega um momento em que preciso ser contundente, essa guria fazia um jogo com as palavras, tinha o dom de pegar o que aconteceu e colocar no fato pitadas de veneno, de forma que quando contasse seria em parte verdade, mas ela conseguia envenenar a essência.
     Esse fato aconteceu no início do ano, e no decorrer deste mesmo ano, ela conseguiu colocar várias pessoas em má situação, sua astúcia era tanta que tinha os adultos em suas mãos, mas ela sabia que  não me enganava, até que a situação se agravou e ela se encontrou numa situação muito difícil, o aluno que sofria bullying, conseguiu gravar pelo celular  situações que revelaram finalmente que tudo de ruim que acontecia na sala partia dela. A mãe ao ser chamada novamente, durante a conversa deixou claro que sempre soube do comportamento da filha, em casa ela fazia o mesmo com os irmãos, mas ela era complacente por achar que a filha sofreu bastante com o abandono do pai no primeiro casamento. Dando a ela razão em tudo e permitindo que ela fosse um mau exemplo para suas irmãs mais novas, uma delas, agia imitando a irmã, mas por sorte, ainda não havia sido corrompida, fator que fez com que mudasse de atitude tão logo foi orientada.
     Fiquei muito triste com a situação, ao invés da mãe ajudar a filha a ser forte e juntas superar o abandono do pai, ela foi aos poucos consentindo e transformando-a em uma pessoa manipuladora e com caráter duvidoso, percebeu as intrigas e passou a mão na cabeça por achar que ela era uma coitadinha.
     E nestes anos que se seguiram, encontrei vários casos, mas nenhum similar, há crianças muito inteligentes que tem o poder de domínio sobre os outros, mas o olhar da mãe tem que ser criterioso, estamos aqui para detectar os desvios de nossos filhos e corrigí-los enquanto ainda são pequenos.
   O filho ainda pequeno percebe o pensamento de complacência dos pais e cria um pensamento de jogador em si próprio, entra no jogo e quer sempre ganhar,  até estar totalmente no controle, porém, esse jogo pode dar certo na infância e adolescência, mas na vida adulta, na sociedade, o preço vai começar a ser cobrado e essa pessoa poderá até se dar bem manipulando situações, mas a felicidade não fará morada em seu coração.