O post anterior teve como norte as explicações de Marcos Brasil sobre a PNL propriamente dita, este post se norteia na mesma entrevista, porém, com foco apenas no que diz respeito à Modelagem. Para melhor compreensão fizemos algumas associações e citamos: tanto da Poética de Aristóteles como alguns filmes que evidenciam o quanto um ser humano pode ser modelado, e a partir dessa modelagem gerar crenças que nos acompanham pelas nossas vidas.
Pela virtude, o homem imita a ordem natural em que se realiza aquilo
que, de potência, deve ser o ato. A diferença reside em que, por natureza
(portanto, por essência), a saúde é o que faz realizar-se o salutar, ao passo
que o homem deve produzir o fim e, para tanto, escolher igualmente os meios
apropriados. Essa busca do bem, que é aquilo a que se dirige toda ação, é seu
fim, a finalidade sobre a qual cumpre deliberar. Daí o papel da razão, consiste
exatamente em escolher os fins e proporcionar-se (literalmente) os meios.
(ARISTOTELES, 2000, p.36)
Fazendo uma ressalva pertinente nesta linha de
pensamento: em “Arte Poética”, de Aristóteles, menciona-se que o homem desde
cedo imita. Esse ato ocorre instintivamente e podemos percebê-lo na arte, na
poesia e na escrita, ou seja, nas manifestações expressivas do ser. A tendência
para imitar é instintiva no homem desde a infância, como assinalou Todorov,
localizando a mimesis no 4º estágio do desenvolvimento do ser humano, que se
distingue de todos os outros seres por sua aptidão muito desenvolvida para a
imitação.
Um
exemplo interessante ocorre no filme Greystoke - A Lenda de Tarzan (1983), em
que o casal de aristocratas ingleses sai em busca de novos territórios. O casal
sobrevive a um naufrágio e instala-se em uma cabana feita no meio da selva.
Após alguns meses, a mulher que estava grávida, dá a luz um menino e, dias
depois, vem a falecer. Paralelo a isso, um casal de gorilas que vive próximo à
cabana, perde o seu filhote. A mãe gorila sofre com a perda. Os gorilas invadem
a cabana, matam o recém-viúvo e pegam o bebê humano.
Fonte: http://www.bandejadeplata.com/wp-content/uploads/2014/06/tarzan2.jpg |
O
bebê humano passa a ser filho adotivo do casal de gorilas. E nessa experiência
de vida, suas percepções sensoriais (visão, audição, tato, paladar, olfato) são
desenvolvidas de acordo com o meio no qual ele está inserido. Anda como um
gorila, grita, emite sons, grunhidos, manifesta seus sentimentos tal e qual
seus pais gorilas. Ou seja: ele é exatamente o outro, o reflexo do que seus
sentidos puderam captar. Esta foi a sua experiência de realidade, a concretude
que entrou para seu cérebro por meio de seus sentidos, criando assim um mundo
da representação, um mundo imaginário. Tempos depois, percebe que não há
semelhança física entre ele e seu colega de infância, bem como entre si e seus
pais gorilas, e o desenrolar da história prossegue até que o homem-macaco
encontra-se em meio à civilização.
Outro
interessante exemplo para demonstrar como somos seres modeláveis é o filme O
Enigma de Kaspar Hauser, que viveu acorrentado num porão sem nenhum contato com
os seres humanos. Havia apenas um homem que o alimentava. Certo dia, esse homem
soltou Kaspar próximo a uma cidade. A partir daí, as pessoas da cidade tentaram
inseri-lo na sociedade, mas como ele não havia desenvolvido os processos
cognitivos básicos, sua rede neural não se estruturou.
Ao
ser abandonado por seu cuidador, podemos dizer que Kaspar era como uma folha de
papel em branco. As pessoas que o encontraram tentaram inseri-lo na sociedade,
escrevendo uma história de vida, decidindo por ele, moldando o seu triste
destino.
Fonte: http://cinemarcocriticas.blogspot.com.br/2011/08/o-enigma-de-kaspar-hauser.html |
Há
ainda o caso das Meninas Lobo, Amala e Kamala, que foram encontradas em 1920 na
Índia e levadas a um orfanato para serem humanizadas.
De
forma clara, os exemplos mencionados mostram que somos modeláveis. Enquanto
crianças, não temos escolha, nascemos e crescemos com uma família, em um meio
social já existente e recebemos sua forte influência, vamos nos adaptando,
acreditamos e copiamos o que ouvimos,vemos e percebemos. O outro se reflete em
nós, mas temos capacidade de mudar. Nossa rede neural e estruturas de
pensamento são desenvolvidas com base nas nossas experiências e, ao criarmos
experiências novas, carregadas de emoção, enfraquecemos as antigas. Isso vale
para pessoas que cresceram dentro de uma civilização, diferentemente das
Meninas Lobo, posto que as redes neurais que se formaram nelas eram de um meio selvagem,
sem a presença de humanos.
Gosto
sempre de mencionar uma frase de Sartre que diz: “O mais importante de tudo não
é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer com o que fizeram de você!”. Isso porque na fase adulta devemos
nos questionar sobre as crenças e educação que nos foram impostas, devemos refletir
sobre até que ponto pensar e/ou agir de determinada maneira pode nos
prejudicar.
De acordo com a PNL, como explica Marcos
Brasil em sua entrevista mencionada no post anterior, podemos escolher quem
vamos modelar e formar novas crenças, novas formas de pensar. Então, se há
algum aspecto da sua vida que você gostaria de mudar, mas não sabe como,
procure um modelo, ou seja, procure quem já alcançou o que você gostaria de
alcançar. Saiba como isso foi feito e modele essa pessoa, percorra o mesmo
caminho que ela percorreu e tenha certeza que novas estruturas se farão, um
novo comportamento surgirá.
Todas
as crenças que temos são frutos de processos de modelagem que fizemos ao longo
de nossas vidas. Muitas vezes, essas crenças podem ser limitantes e nos impedir
de alcançar nossos objetivos. A PNL vem justamente nos dar subsídios para que
possamos detectar e modificar essas crenças.
0 comentários:
Postar um comentário